Operação Tântalo II em Turilândia: prisões abalam núcleo político e expõem suspeita de desvio de R$ 56 milhões

A deflagração da Operação Tântalo II, realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) do Ministério Público do Maranhão, revelou um suposto esquema de desvio de recursos públicos que teria drenado mais de R$ 56 milhões dos cofres da Prefeitura de Turilândia. A ação, ocorrida na véspera do Natal, atingiu diretamente o núcleo político da cidade, com a prisão do prefeito Paulo Curió, da vice-prefeita Tânya Mendes, da primeira-dama e de vereadores.

Segundo o MPMA, o grupo teria montado empresas de fachada para vencer licitações e receber pagamentos indevidos, prática que envolvia tanto o Executivo quanto o Legislativo municipal. Todos os vereadores da cidade são apontados como beneficiários do esquema, recebendo valores desviados diretamente ou por meio de familiares.

A operação cumpriu 51 mandados de busca e apreensão e 21 de prisão em Turilândia e em outras cidades maranhenses, como São Luís, Paço do Lumiar, Pinheiro e Barreirinhas. Durante as diligências, foram apreendidos cerca de R$ 500 mil em espécie, reforçando os indícios de movimentações financeiras ilícitas.

O prefeito Paulo Curió, reeleito em 2020 com 67,45% dos votos e que declarou patrimônio de R$ 1 milhão ao Tribunal Superior Eleitoral, chegou a ser considerado foragido após a operação, mas se apresentou posteriormente à polícia em São Luís. A amplitude das prisões provocou um abalo imediato na governança municipal, colocando em xeque a continuidade administrativa da cidade.

Agora, o caso segue em fase de aprofundamento processual, com quebras de sigilo, perícias em contratos e rastreamento de fluxos financeiros. O Ministério Público aponta crimes como corrupção ativa e passiva, peculato, fraude à licitação e lavagem de dinheiro, e a expectativa é de que novas revelações possam ampliar o alcance das investigações e responsabilizações.