A decisão do ministro Alexandre de Moraes de decretar prisão domiciliar para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) provocou desconforto entre ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), gerando um clima de isolamento em torno do magistrado e reacendendo debates sobre os limites da atuação judicial em momentos de tensão política.
Segundo apuração da jornalista Mônica Bergamo, publicada na Folha de S.Paulo, ministros da Corte — inclusive alguns que integram a Primeira Turma, responsável pelo julgamento — consideram a medida exagerada, juridicamente frágil e politicamente contraproducente. A avaliação é de que a prisão, motivada por uma breve saudação de Bolsonaro a manifestantes em Copacabana, contradiz decisões anteriores do próprio Moraes que autorizavam o ex-presidente a se manifestar publicamente.
Repercussão negativa e quebra de consenso
Antes da prisão, o STF vinha sendo amplamente elogiado por sua firme resposta aos ataques do presidente norte-americano Donald Trump, especialmente no contexto do tarifaço imposto ao Brasil. A atuação de Moraes, até então vista como essencial para a defesa da democracia, contava com apoio expressivo da sociedade civil, imprensa e setores empresariais.
No entanto, a nova decisão provocou uma virada na opinião pública. Editorialistas, juristas e empresários passaram a criticar o que consideram uma reação desproporcional, que teria desviado o foco das ameaças externas e colocado o STF sob pressão interna.
Possibilidade de revisão
Apesar do desconforto, Moraes ainda conta com respaldo entre os colegas, que reconhecem seu papel na contenção de ataques às instituições. Contudo, há expectativa de que ele possa reconsiderar a prisão — embora sua postura firme e pouco inclinada a recuar diante de críticas seja vista como um obstáculo.
Caso o ministro mantenha a decisão, há possibilidade de que os demais integrantes da Primeira Turma revertam a medida, embora isso seja considerado improvável.
O episódio em Copacabana
A prisão foi motivada por uma fala de Bolsonaro transmitida por viva-voz durante manifestação no Rio de Janeiro, no domingo (3). Na ocasião, ele disse:
“Boa tarde, Copacabana. Boa tarde, meu Brasil. Um abraço a todos. É pela nossa liberdade. Estamos juntos.”
A defesa do ex-presidente já entrou com recurso pedindo a revogação da prisão domiciliar.
📝 Fonte: Mônica Bergamo, colunista da Folha de S.Paulo