Início Porto Seguro Medida ecológica ou barreira turística? Porto Seguro aprova taxa que divide opiniões
Porto Seguro

Medida ecológica ou barreira turística? Porto Seguro aprova taxa que divide opiniões

Compartilhar
Compartilhar

A Câmara Municipal de Porto Seguro aprovou, em sessões extraordinárias, a criação da Taxa de Preservação Ambiental (TPA), que será cobrada diariamente de veículos de fora da cidade. A justificativa oficial é nobre: preservar o meio ambiente, melhorar a mobilidade urbana e investir em serviços públicos. Mas será que a proposta cumpre esse papel — ou apenas mascara um novo pedágio turístico?

Com valores que variam de R$ 3,00 a R$ 45,00 por dia, dependendo do tipo de veículo, a medida promete arrecadar recursos para diversas áreas. No entanto, o projeto já levanta dúvidas sobre sua real eficácia e transparência. O único voto contrário, do vereador Kempes Neville – Bolinha (PSD), expôs o incômodo: “Esse projeto não passa de um pedágio disfarçado”.

A crítica não é isolada. Embora a maioria dos parlamentares tenha defendido a TPA como um avanço para o turismo, a cobrança pode representar um obstáculo para visitantes que chegam de carro — especialmente os que viajam em família ou em excursões. Em vez de incentivar o turismo sustentável, a taxa pode afastar o público que movimenta a economia local, sobretudo em períodos de alta temporada.

A promessa de que os recursos serão aplicados em educação, segurança e transporte coletivo é positiva, mas depende de fiscalização rigorosa e gestão transparente. Sem isso, o risco é transformar uma medida ambiental em mais uma fonte de receita pouco controlada.

A comparação com destinos como Fernando de Noronha e Morro de São Paulo, que já adotam taxas semelhantes, também merece cautela. São localidades com características geográficas e fluxos turísticos muito distintos. Porto Seguro, com seu acesso rodoviário facilitado, pode acabar penalizando justamente o turista que escolhe o destino por sua acessibilidade.

A proposta segue agora para sanção do prefeito Jânio Natal (PL), sem data definida para início da cobrança. Até lá, resta a pergunta: estamos diante de uma iniciativa sustentável ou de uma barreira disfarçada que pode comprometer o turismo popular?

Milene Barbosa

Deixe um comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *