Em um movimento que surpreendeu parte da opinião pública, o jornal Folha de S.Paulo publicou editorial no qual defende o direito do ex-presidente Jair Bolsonaro à liberdade de expressão, mesmo diante de acusações graves que o ligam a tentativas de minar a democracia brasileira. Tradicionalmente crítico ao ex-presidente, o veículo reconheceu, nesta ocasião, a importância de garantir as prerrogativas constitucionais fundamentais a todo cidadão, mesmo àqueles com histórico de confronto com a imprensa e instituições democráticas.
O editorial foi publicado após decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que determinou prisão domiciliar a Bolsonaro sob a alegação de que ele teria se comunicado com apoiadores em atos considerados antidemocráticos. Para a Folha, a medida é juridicamente questionável e representa uma ameaça ao princípio basilar da democracia — a livre manifestação de pensamento.
🔎 Reconhecimento com ressalvas
Apesar de reafirmar os ataques de Bolsonaro à imprensa, ao Judiciário e à própria democracia durante seus anos no poder, o jornal sustenta que a repressão judicial a falas públicas deve ser tratada com extrema cautela. Segundo o texto, “democratas não se transformam em tiranos para combater a tirania” — uma frase que marcou o tom do editorial e causou repercussão nas redes sociais e nos bastidores políticos.
A Folha relembrou ainda que a liberdade de expressão é um direito garantido pela Constituição mesmo a quem cumpre pena, e criticou o uso de despachos secretos e ordens de censura sem direito à defesa, reforçando a necessidade de transparência e legalidade nos processos judiciais.
🔄 Mudança de postura?
Embora não represente necessariamente uma mudança na linha editorial do jornal, que segue fazendo oposição contundente ao bolsonarismo, a defesa da liberdade de expressão do ex-presidente foi vista por especialistas como um gesto de coerência institucional. O veículo demonstrou que os princípios democráticos devem prevalecer mesmo diante de figuras controversas.