A cidade de Rio do Pires, na Bahia, foi palco de uma grande mobilização nesta quarta-feira (04 de junho de 2025) contra o fechamento da agência do Bradesco, previsto para ocorrer no próximo dia 20 de junho. O movimento, liderado pela Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe e sindicatos filiados, reuniu moradores, dirigentes sindicais, vereadores, comerciantes e funcionários municipais, além de autoridades locais em uma audiência pública na Câmara de Vereadores do município.
O encontro contou com a presença do prefeito José Marcos Pereira (AVANTE), além de representantes da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Bradesco, entre eles Ronaldo Ornelas. Após o debate, dezenas de manifestantes seguiram até a porta da agência, situada na Praça Ângelo Marques Filho, carregando faixas e cartazes em protesto contra o encerramento das atividades.
Impactos sociais e econômicos do fechamento
Os organizadores do ato alertam que o fechamento da unidade bancária trará impactos significativos para clientes, comerciantes e trabalhadores locais, dificultando o acesso aos serviços financeiros e afetando a economia do município. “O Bradesco fecha as portas sem considerar o efeito que isso tem na vida das pessoas. Bancários perdem seus empregos, clientes precisam se deslocar para outras cidades e o comércio local sofre as consequências”, afirmou Ronaldo Ornelas, representante da COE.
Em entrevista ao L12 Notícias, Ornelas criticou a decisão do banco e destacou os prejuízos para a população. “O fechamento de agências reduz custos para o banco, mas viola comandos legais, inclusive constitucionais, sobre a função social da empresa. Ao retirar a única agência bancária de um município, o Bradesco empurra os moradores para o atendimento digital e para o deslocamento a outra cidade, muitas vezes distante mais de 50 quilômetros. Isso não é cumprir sua função social e muito menos prezar pelo bem-estar da comunidade onde atua”, afirmou.

Segundo Ornelas, o banco está desrespeitando legislações como o Estatuto do Idoso e normas de proteção às pessoas com deficiência, ao ignorar a necessidade de atendimento presencial para essas parcelas da população. Ele classificou a postura do banco como “um planejamento estratégico de impactos sociais perversos para a comunidade”.
Sobre a comunicação oficial da medida, Ornelas informou que os funcionários da agência foram notificados formalmente sobre o encerramento das atividades, previsto entre os dias 20 e 22 de junho. Ele mencionou que cidades como Palmeiras e Camaçari já enfrentaram fechamentos semelhantes, resultando em dificuldades para os clientes, como a impossibilidade de desbloquear cartões sem deslocamento para outro município. “Se alguém precisar de um serviço presencial, como desbloquear um cartão, terá que viajar até Paramirim. Isso é cruel e desrespeitoso”, disse.

Medidas jurídicas e ação do PROCON
Diante da decisão do Bradesco, os sindicatos buscaram apoio do PROCON Bahia e apresentaram um requerimento formal contra o fechamento das unidades bancárias. Segundo Ornelas, a entidade de defesa do consumidor acolheu a demanda e se comprometeu a analisar uma ação civil pública contra o banco. Ele citou como exemplo a decisão favorável do PROCON Maranhão, que conseguiu impedir judicialmente o fechamento de agências naquele estado.
“O PROCON do Maranhão obteve uma sentença que obrigou o Bradesco a se abster de fechar suas unidades, inclusive reabrindo as que já tinham sido fechadas. Esse é um caminho jurídico que estamos considerando para proteger os interesses da população e dos bancários”, explicou.
Contrato com a Prefeitura e precedentes
Sobre a relação do Bradesco com o município, Ornelas informou que a Prefeitura de Rio do Pires mantém um contrato vigente até 2027 com o banco, envolvendo a folha de pagamento dos servidores municipais. Ele acredita que esse vínculo pode ser um fator relevante para fortalecer a mobilização e pressionar a instituição a manter a agência aberta.

Ornelas citou o caso da cidade de Ubatã, onde a mobilização popular e a atuação do Poder Público foram fundamentais para evitar o fechamento de uma unidade bancária. “Lá, houve grande pressão da população e das autoridades. A decisão judicial inicial permitia o fechamento, mas foi posteriormente reformada pelo Tribunal, e o Bradesco optou por manter a agência aberta”, destacou.
Mobilização segue contra o fechamento
A manifestação realizada em Rio do Pires reforçou o compromisso dos sindicatos e da comunidade na luta contra o encerramento das atividades da agência do Bradesco. Até o momento, a instituição financeira não emitiu um comunicado oficial sobre o assunto. Os organizadores garantem que a mobilização continuará e que seguirão buscando alternativas para impedir que o fechamento se concretize, enfatizando que a presença da agência é essencial para a população.