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Facções criminosas em Salvador: como elas operam, onde dominam e o que está sendo feito

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Vista aérea do bairro Engenho Velho de Brotas em Salvador, com moradias populares em área urbana densa e irregular, refletindo desigualdade social e riqueza cultural.
Panorama do Engenho Velho de Brotas, bairro popular de Salvador marcado pela resistência cultural e desafios urbanos.
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Salvador, a capital baiana conhecida por sua cultura vibrante e praias paradisíacas, também enfrenta uma realidade dura: a presença de facções criminosas que dominam bairros inteiros e travam guerras sangrentas pelo controle do tráfico de drogas e armas. Em 2025, essa disputa se intensificou, com tiroteios quase diários, operações policiais de grande porte e uma população cada vez mais refém da violência.

Como surgiram as facções em Salvador

A história das facções em Salvador começa nos anos 1990, com grupos como a Caveira e o Comando da Paz (CP). A Caveira, criada dentro do sistema prisional, chegou a dominar quase toda a cidade em 2010, quando Salvador registrou mais de 4.800 homicídios.

Após a prisão de seu líder, Genilson Lima da Silva, o “Perna”, em 2012, a Caveira perdeu força. Em 2015, ela tentou se reinventar criando o Bonde do Maluco (BDM), mas o plano saiu do controle. O BDM se tornou independente, liderado por Zé de Lessa, e rapidamente se aliou ao Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo, e ao Terceiro Comando Puro (TCP), do Rio.

Bairros dominados pelas facções

Cada região de Salvador tem a presença de uma facção dominante. Veja os principais grupos e seus territórios:

FacçãoBairros dominados
BDMSussuarana, Nordeste de Amaralina, Sete de Abril, Lobato, Tancredo Neves, Fazenda Grande I, Jardim Nova Esperança
Comando Vermelho (CV)Liberdade, Engomadeira, Alto das Pombas, Calabar, Mussurunga, Vila Verde
KatiaraValéria, Águas Claras, Lobato, Nazaré, Santo Antônio de Jesus, Maragogipe
PCCBrotas, Portelinha, Cajazeiras XI, São Marcos, Pau da Lima3

Além disso, bairros como Tancredo Neves, Engenho Velho da Federação, Narandiba e Lobato são considerados “bocas quentes”, com alto índice de violência e presença de facções rivais.

Guerras entre facções: tiroteios e mortes

A guerra entre o BDM e o CV é a mais intensa. Em abril de 2025, Salvador registrou 155 tiroteios, com 131 mortos e 24 feridos, sendo o mês mais violento do ano. Os confrontos ocorrem em bairros como:

  • Engenho Velho da Federação
  • Tancredo Neves
  • Sete de Abril
  • Lobato

A ruptura da aliança entre PCC e CV reacendeu os conflitos. A facção Tropa do A, antes ligada ao CV, foi absorvida pelo PCC, que passou a dominar bairros como Sussuarana Velha e Cajazeiras XI3.

Operações policiais em 2025

As forças de segurança intensificaram as ações em 2025:

  • 1.500 prisões em flagrante só em janeiro
  • 25 líderes de facções capturados
  • Mais de 4 mil armas apreendidas
  • 10,5 toneladas de drogas retiradas das ruas
  • 700 mil pés de maconha erradicados

Operações como Circuito Fechado e Dominus Areae miraram líderes do CV e BDM em bairros como Nordeste de Amaralina, Lobato e Portão. Em algumas ações, criminosos tentaram fazer reféns, mas foram neutralizados10.

Impacto na população

A violência afeta diretamente os moradores:

  • Escolas fecham por dias
  • Ônibus mudam de rota
  • Famílias abandonam suas casas
  • Crianças e adolescentes são baleados

O número de adolescentes baleados por ações policiais aumentou 367% em 2025. Foram 14 casos só no primeiro semestre. Além disso, 57 pessoas morreram em chacinas policiais, um aumento de 235% em relação a 202412.

Facções menores e alianças

Além dos grandes grupos, há facções menores que também atuam:

  • Bonde do Ajeita: aliado do CV desde 2021
  • Tropa do A (Ordem e Progresso): extinta após absorção pelo PCC
  • MPA (Mercado do Povo Atitude): atua no sul da Bahia, com pouca visibilidade

Dados alarmantes

  • Salvador teve 839 tiroteios entre janeiro e junho de 2025
  • 611 só na capital, com 485 mortos
  • Bairros mais afetados: Narandiba, Tancredo Neves, Lobato, Engenho Velho da Federação
  • Bahia tem 5 cidades entre as 10 mais violentas do Brasil: Jequié, Juazeiro, Camaçari, Simões Filho e Feira de Santana

O que pode mudar?

Especialistas apontam que só a repressão não resolve. É preciso:

  • Investir em educação e esporte nas periferias
  • Criar oportunidades de emprego e renda
  • Urbanizar áreas dominadas
  • Oferecer apoio psicológico para jovens em risco

Enquanto isso, a guerra continua. E quem mais sofre são os moradores, que vivem entre o medo e a esperança de dias melhores.

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Redação L12

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